27 de Setembro.
História da Música Popular Brasileira.
Nossa música é riquíssima em estilos, gêneros e movimentos. Do século XVIII (dezoito), quando o Brasil ainda era uma colônia até o final do século XIX, passando pelo período do Império e posteriormente a República, a produção musical foi tomando ares nacionais, com o aparecimento de gêneros musicais brasileiros como o maxixe e o choro. Vamos fazer um breve passeio por essa história!
Gêneros e Movimentos musicais nacionais:
A Modinha e o Lundu
Desde o século XVIII (dezoito), quando o Brasil ainda era colônia de Portugal, os brasileiros já cultivavam dois gêneros lítero-musicais: a modinha e o lundu. Nos saraus, espécie de reunião onde se recitavam poemas e se cantavam músicas em tardes e noites cariocas, os dois gêneros causavam furor entre os jovens enamorados. Eram nestes encontros musicais que se podiam ouvir pianos, violas e cantores diletantes, derramando lirismo e sarcasmo.
Lundu de Rugendas.
A Modinha foi gênero lírico, cantando o amor impossível, as queixas dos apaixonados e desiludidos. Já o lundu era gênero cômico com letras engraçadas e cheias de duplo sentido, que levavam os ouvintes às gargalhadas muitas vezes. Haviam até lundus proibidos às moças e crianças! Era o caso dos lundus de Laurindo Rabello, um militar que adorava divertir seus amigos ao som de seus picantes lundus.
Domingos Caldas Barbosa.
O mais importante compositor e cantor de modinhas e lundus, no século XVIII, Domingos Caldas Barbosa, era um padre que não usava batina e tocava viola.
Duas músicas de grande sucesso da época foram:
O Lundu da Marrequinha (Francisco de Paula Brito – Francisco Manuel da Silva)
Os olhos namoradores
Da engraçada iaiásinha,
Logo me fazem lembrar
Sua bella marrequinha.
Iaiá, não teime,
Sólte a marreca
Senão eu morro, refrão
Leva-me a breca.
Se dansando á Brasileira,
Quebra o corpo a iaiásinha,
Com ella brinca pulando
Sua bella marrequinha
Quem a vê terna e mimosa,
Pequenina e redondinha,
Não diz que conserva prêsa
Sua bella marrequinha.
Nas margens da Caqueirada
Não há só bagre e tainha:
Alli foi que ella creou
Sua bella marrequinha.
Tanto tempo sem beber...
Tão jururú... coitadinha!..
Quasi que morre de sêde
Sua bella marrequinha.
“Marrequinha "era um tipo de laço dado no vestido das moças do séc. XIX, usado atrás das nádegas.
Quem sabe ou “Tão Longe de mim distante” (Carlos Gomes)
Tão longe de mim distante,
Onde irá, onde irá teu pensamento!
Tão longe de mim distante,
Onde irá, onde irá teu pensamento!
Quizera saber agora
Quizera saber agora
Se esqueceste,
Se esqueceste,
Se esqueceste o juramento
Quem sabe se é constante
S'inda é meu teu pensamento
Minh'alma toda devora
Da saudade, da saudade agro tormento
Vivendo de ti ausente,
Ai meu Deus,
Ai meu Deus que amargo pranto!
Vivendo de ti ausente,
Ai meu Deus,
Ai meu Deus que amargo pranto!
Suspiros angustiadores
São as vozes do meu canto
Quem sabe
Pomba innocente
Se também te corre o pranto
Minh'alma cheia d'amores
Te entreguei já n'este canto
O Teatro de Revista e o maxixe
O Teatro de Revista foi um gênero de espetáculo musicado muito em voga no final do século XIX. Foi esse gênero de produção que empregou inúmeros músicos, cantores, compositores e maestros na época. A compositora Chiquinha Gonzaga foi uma das mais importantes compositoras para esse gênero de espetáculo, compondo muitos maxixes.
A característica principal do Teatro de Revista era contar uma história de forma satírica e cômica, geralmente baseada em acontecimentos ocorridos ao longo do ano, no campo da política e da cultura. Os textos eram sempre entremeados de números musicais, onde alguns gêneros como o maxixe se destacaram.
O bailarino Duque e uma de suas parceiras.
O maxixe ficou conhecido como um gênero musical associado à dança do mesmo nome. O maxixe-dança surgiu em bailes populares de clubes recreativos, comumente denominados “gafieiras” que proliferaram no Rio de Janeiro em fins do século XIX. O estilo de dançar foi considerado obsceno na época, porque os dançarinos ficavam muito enroscados um no outro, fazendo meneios e rebolados. Talvez algo parecido com o que vemos hoje com a dança do funk. Apesar disso, o maxixe ganhou expressão internacional. O grande divulgador da dança do maxixe na Europa foi sem dúvida o dançarino Duque, que ao lado de suas parceiras Maria Lina, Gaby e Arlette Dorgère conquistou grande sucesso em Paris dançando um maxixe mais refinado, sem os excessos do maxixe das gafieiras e aceitável pelas camadas médias.
Charge de Kalixto mostrando a dança do maxixe
Arthur Azevedo, um dos grandes autores teatrais
Peças, autores e músicas famosas do Teatro de Revista.
Um dos mais importantes autores do gênero foi Arthur Azevedo. São dele, por exemplo, as revistas O Bilontra e Capital Federal, musicada por Chiquinha Gonzaga.
Anúncio da Revista O Bilontra de Arthur Azevedo
PROBLEMAS COM A CENSURA.
Podemos ver através de uma matéria publicada em jornal no dia 20 de novembro de 1889, a grande polêmica que a dança do maxixe causou na sociedade carioca. Sua aparição no ato final do teatro de revista “A Corte na Roça” de Chiquinha Gonzaga causou grande alvoroço nos salões de dança do Rio de Janeiro republicano. Veja o que diz a matéria:
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